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A massagem e os pontos de gatilho

Uma das motivações básicas que leva alguém a trabalhar com massagem e a persistir nesta ocupação é o desejo de ajudar outras pessoas, de diminuir suas dores e aumentar seu bem-estar.
Todo massagista começa por aprender uma série de técnicas manuais que, com o desenvolvimento da destreza das mãos, percepção e intuição, o possibilitam relaxar músculos tensos, doloridos e melhorar a circulação sangüínea e linfática. Existe até o que poderíamos chamar de uma escola de pensamento em massagem que a define como sendo exatamente isso – a aplicação das mãos em uma série de manipulações não específicas com a finalidade de relaxar pessoas. Esta abordagem é muito importante e sempre terá o seu lugar, mas vez por outra, o massagista será solicitado a atender a uma queixa mais específica como um torcicolo ou uma lombalgia. E, no seu anseio em ajudar, poderá se sentir limitado pois algumas destas condições não respondem satisfatoriamente às manipulações tradicionais de massagem. Entramos então em uma segunda abordagem, mais clínica, que exigirá conhecimento maior e técnicas mais sofisticadas.
Muito freqüentemente, as crises de dor aguda ou mesmo as dores crônicas estão ligadas a contraturas (espasmos) de um ou mais músculos. O conceito de pontos-gatilho (trigger point, em inglês) e de como tratá-los, pode ser então uma ferramenta útil que possibilitará ao massagista eliminar com sucesso estas contraturas – e as dores a elas relacionadas.
Por volta do final da década de 20, um alemão chamado Max Lange descobriu que nos músculos podiam aparecer pontos sensíveis e que o tecido nesses pontos se apresentava mais rígido que os circundantes. Esses pontos foram batizados em 1948 pela doutora Janet Travell, médica da Casa Branca na gestão Kennedy. Ela os chamou de pontos-gatilho miofasciais e desenvolveu um método de tratamento usando injeções de solução salina nestes pontos. Mais tarde descobriu-se que era possível desativar os pontos-gatilho usando apenas a pressão direta sobre eles. Então, por definição, um ponto-gatilho é um local no músculo altamente irritável que se apresenta rígido à palpação e que produz dor, limitação na amplitude de alongamento, fraqueza sem atrofia e sem déficit neurológico.
Os pontos-gatilho são instalados num músculo toda vez que este for sobrecarregado e exigido além da sua capacidade de tolerância no momento. Uma vez instalado ele pode ficar em estado de latência por muito tempo, às vezes anos, até ser ativado. Para ativá-lo basta apenas que se some a ele uma situação de stress físico e/ou emocional e uma nova sobrecarga do músculo. Quando ativado ele produz um espasmo doloroso em algumas fibras do músculo. A situação se complica quando o sistema nervoso, recebendo o sinal de dor, intervém exigindo que o músculo se contraia, numa tentativa de defendê-lo. Esta nova contração sobre o espasmo doloroso produz mais dor. Fecha-se então um ciclo vicioso em que quanto mais dor for produzida pela contração, mais contração o sistema nervoso pede ao músculo. E o que começou com algumas fibras, logo envolve o músculo inteiro e até mesmo outros próximos, abrangendo toda uma região. Como exemplo disso temos então um torcicolo ou uma lombalgia.
Como tratá-los? Antes de mais nada é preciso localizar os pontos através da palpação. Então pressioná-los por mais ou menos dez segundos. Isto vai desativá-los. Pode ser bem doloroso, devendo por isso ser feito com calma e sensibilidade. Depois, deve-se alongar os músculos onde eles estavam instalados para devolver a eles sua extensão normal de alongamento.
Eventualmente, um massagista faz isso intuitivamente. É um procedimento até bem simples, mas somado a um bom conhecimento de miologia e cinesiologia pode tornar possível ao massagista atender uma grande variedade de condições dolorosas, desde que de origem muscular.


Fonte: Cláudio Witte. Dá cursos no Centro de Estudos de Quiroterapias – Cequiro, em São Paulo

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