Trabalhando com idosos, eu desenvolvi um conjunto de atitudes e habilidades profissionais- habilidades tais como definir limites, aguardar com paciência, respeitar as diferenças individuais. Isto me ajuda a respeitar a mim mesma assim como aos meus pacientes.
Pulso firme a agenda realista: Muitos dos meus pacientes não têm uma agenda diária além do horário das refeições e visitas ao médico. Desta forma, normalmente fica a meu cargo definir como serão os horários das sessões. Freqüentemente eu vou a casa dos meus pacientes e os atendo em suas casas ou apartamentos, com isto eu aprendi que é vital determinar alguns limites. Normalmente eu agendo 15 minutos entre os atendimentos, visto que os idosos se movimentam mais vagarosamente e necessitam de um tempo mais longo para se vestir e despir.
Elenor, 91, caminha lentamente devido a uma artrite, ela sempre dá uma paradinha para contar uma estória no caminho da cama ao banheiro. Ela me convida para ficar para o chá da tarde, quer me mostrar todos os pertences da família e me conta sempre uma estória a mais… Ela, o marido e suas crianças escaparam do Holocausto. Eu aprendi a lidar, com muita sensibilidade, nestas situações onde as lembranças do passado e do presente vem à tona, visto que tenho consciência que a massagem estimula o compartilhamento destas lembranças. A pessoa sente vontade de falar, compartilhar suas vivências, isto é muito bom para ela (e para mim também). Eu sou muito atenciosa com Eleanor enquanto estou com ela, massageando suas pernas doloridas e apreciando o notável ser humano que vive naquele frágil corpo. Mas tenho que dizer a ela, gentilmente e de maneira firme que necessito ir embora.
Por outro lado, Rose, 95, levanta-se de sua cama, veste-se com facilidade e só necessita de ajuda para colocar as “teimosa” próteses que vão em seus tornozelos. Ela me incentiva a partir brevemente para evitar trânsito. Sua preocupação para comigo me toca.
Paciência e habilidade para esperar: No meu trabalho, eu gasto muito tempo esperando…
Esperando pelos elevadores, esperando pelos moradores em seus andadores ou em suas cadeiras de rodas, entrando ou saindo dos elevadores, aguardo pelos pacientes chegarem até a porta, aguardo até que os pacientes vagarosamente se preparem para a sessão de massagem ou façam o cheque de pagamento. Eu aproveito estas oportunidades para respirar, relaxar meus ombros, alongar ou apenas refletir. Estas também são oportunidades para eu me relacionar com os pacientes enquanto ela abotoa a blusa ou completa seu pensamento.
Disposição para estar sempre presente: Eu tenho diversos pacientes com mal de Alzheimer, dos quais eu sempre ouço as mesmas perguntas e estórias: “Por que eu estou aqui?”, “Por que eu não posso ir para casa?”, “Há quanto tempo eu estou aqui?”
Catherine me faz estas mesma perguntas, quase toda a semana, há três anos enquanto eu faço massagem em suas pernas e costas. As vezes ela me faz a mesma pergunta uma dúzia de vezes em apenas uma hora. Eu sempre respondo como se fosse a primeira vez que ela me perguntou aquilo, sem ficar julgando ou me frustrando. Toda semana ela me pergunta sobre o meu jardim e me fala o quanto ela sente saudades de por suas mãos na terra. Todas a vezes as perguntas e estórias estão frescas em sua mente.
Yvonne, pintora e dançarina, agora confinada a uma cadeira de rodas devido a um derrame cerebral sempre vai ao meu encontro quando chego à porta de seu apartamento. “Eu quero morrer!”, ela diz de maneira fervoroza. “Por favor, me ajude a morrer. Eu já vivi minha vida. Eu já estou pronta para partir.”
Toda semana eu digo a ela, “Eu entendo que você se sinta pronta para morrer. Mas eu não posso ajudá-la a morrer, Yvonne”, eu respondo, “mas eu gostaria muito de estar presente com você neste momento, quando esta hora chegar.”
Em meio hora de massagem ela começa a me dizer o quanto está feliz e completa: se eu ainda estou viva (foi a forma que ela encontrou para dizer que está se sentindo tão bem que não parece que ainda está viva), quero que saiba que estou muito alegre com sua visita.
Disposição para Em nossa cultura de adoração à juventude, é difícil não igualar rugas com perda de valor. O tempo todo somos testemunhas deste tipo de atitude.
Eu acredito que a complacência é uma forma de distanciamento, uma forma de colocar de lado o que é desconhecido ou assustador. Como terapeuta corporal temos a oportunidade de estar em contato com o ser humano que está dentro daquele corpo com o exterior todo enrugado, ficando assim mais perto do que não é tão familiar.
Um corpo envelhecido é um mapa da história da pessoa e da genética. Vasos capilares rompidos, manchas de senilidade, incontinência e derrames (relacionados a dificuldade de fala) são partes deste território, pontos de referência desta superfície.
Quando eu entrei no campo da massagem, eu tinha 40 anos. Eu tinha pouco experiência com idosos. Enquanto eu ficava olhando nos rostos daquelas 20 mulheres em um círculo ao meu redor, muitas em cadeiras de rodas, comecei a falar sobre os benefícios da massagem, eu estava suando e apreensiva. Aquelas mulheres ao meu redor pareciam tão velhas, e suas faces tão profundamente enrugadas.
No círculo, Ida, uma missionária de 90 anos respondeu a minha apresentação sobre os pontos da acupressão. “Eu sempre recebia acupuntura na China”, ela disse. “Isto me ajuda a continuar…”. Estendendo sua mão toda retorcida pela artrite, ela pediu que eu demonstrasse a ela como realizar a auto-acupressão. “Talvez isto [auto-acupressão] irá me ajudar no problema da artrite.” ela comentou. Durante 10 minutos, Ida compartilhou sua experiência com relação a poderosa medicina chinesa, enquanto eu realizava acupressão em suas mãos e braços. Eu estava tão envolvida com a forma pela qual ela participou do trabalho que até esqueci que ela era uma senhora de 90 anos. Esta experiência com uma senhora tão enrugada, me ensinou a olhar com outros olhos as rugas, a ver o lindo ser humano que está dentro daquele corpo tão enrugado.
Nossa conversa também foi o começo da mudança das minha atitudes pessoais com relação ao meu próprio envelhecimento. Graças a muitos dos meus pacientes, que me permitiram conhecê-los mais intimamente devido a relação de confiança que a massagem trás às pessoas, eu estou começando a me sentir menos ansiosa e com menos medo de envelhecer.
Comunicar-se com respeitos com cada pacientes: A forma com qual falamos com os pacientes idosos é tão crítica quanto a forma com a qual os tocamos.
Os assuntos dos quais conversamos com os idosos são tão importantes quanto quanto o carinho e atenção. Para se ter uma idéia do que estou falando, Sharon Ellison, fundadora da consultoria de comunicação Ellison, conduziu um estudo numa unidade de repouso. Analisando o que foi conversado com um paciente nas últimas 24 horas.
Os resultados foram chocantes!!! Nenhuma das vezes as pessoas que cuidavam da saúde destes idosos [fossem enfermeiros, médicos ou apenas atendentes] falam sobre assuntos que não estivessem relacionados a saúde, alimentação, cuidados médicos ou previsão meteorológica. Lembrando que o paciente que estava sendo observado era um professor aposentado da Universidade de Standford, ou seja, trata-se o idoso como uma pessoa que não tem nada a mais para contribuir para a sociedade e pior ainda, trata-os, muitas vezes como lixo.
Você pode imaginar como este professor, por exemplo, se sentiria APENAS ouvindo estes tipos de comentários 24 horas por dia?
“Respeito”. diz a autora Mary Pipher em seu livro “Outro Pais: Navegando no terreno emocional dos idosos”, “significa ver os idosos como idosos. Nós precisamos de uma mídia que retrate a velhice como uma valorização do nosso tempo e não o contrário…Nós precimos de estórias que nos mostrem as pessoas idosas como uma fonte de alegria e inteligência…No nosso nível individual, respeito significa dar ao idoso tempo e atenção…”.
Rose adora uma conversa. Ela comenta, “Nenhum dos funcionários da casa geriátrica onde eu vivo se aproximam de mim para discutir qualquer coisa diferente de serviços do lar ou questões relativas a saúde”.
Um certo dia, depois da nossa sessão de massagem, Rose se virou para mim e disse: “Muito obrigado por me tratar como um ser humano.”
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